ONU-Habitat promove capacitações com sociedade civil em São Paulo

Iniciativa do ONU-Habitat com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) de São Paulo, Viva o Verde SP, promoveu, em junho e julho, as etapas de capacitação da sociedade civil na metodologia de Avaliação de Espaços Públicos da Cidade.

Com 26 participantes, a atividade teve como objetivo treinar o olhar de pessoas com diferentes tipos de atuação social para aplicação da metodologia em contextos distintos.

Representantes da sociedade civil participaram, nos últimos dois meses, da primeira fase do projeto Viva o Verde SP, parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) que visa avaliar e propor melhorias para os parques da cidade. A etapa inicial consistiu em reunir e capacitar cidadãs e cidadãos para aplicação de uma das metodologias desenvolvidas pelo ONU-Habitat, a Avaliação de Espaços Públicos da Cidade (City-Wide Public Space Assessment).

A formação com a sociedade civil mobilizou 26 pessoas e teve média de participação de mulheres acima de 85%, enfatizando o compromisso do projeto com a igualdade de gênero e com o incentivo à participação de mulheres e meninas no planejamento urbano. Pessoas com deficiência compuseram, em média, 9% do grupo e ao menos 36% das participantes foram pessoas pretas, pardas e amarelas.

“Inclusão e acessibilidades são aspectos essenciais das atividades deste projeto, que quer pensar espaços públicos verdes para todos e todas, sem deixar ninguém para trás. As capacitações são uma forma de contribuir para que a sociedade civil não só seja preparada para monitorar e replicar as metodologias do ONU-Habitat, mas contribua para pensar a forma como o próprio Viva o Verde SP direciona seu olhar sobre a cidade”, aponta a oficial nacional do ONU-Habitat para o Brasil, Rayne Ferretti Moraes.

Lentes para ver a cidade

A metodologia de Avaliação de Espaços Públicos da Cidade foi desenvolvida pelo ONU-Habitat para oferecer ferramentas que permitam diagnosticar as principais lacunas e desafios para que a população usufrua de espaços público[JC1] s adequadamente. Ela oferece as lentes necessárias e sugere processos para, em conjunto com as pessoas que vivem na região, identificar caminhos e construir melhorias a partir de ações como a construção de um grupo de referência formado por moradores da região, a coleta de dados primários e secundários via entrevistas e observação, além do diálogo constante com a comunidade que ocupa o território.

No caso de São Paulo, essa será uma das metodologias adotadas pelo projeto Viva o Verde SP. A capacitação, portanto, tem como objetivo apresentar os passos de análise dos parques municipais que serão aplicadas nos próximos meses e trocar conhecimento com os participantes para aprofundar a construção de indicadores e dimensões de análise – como, por exemplo, distribuição espacial, governança, acessibilidade e inclusão.

O treinamento teve duas etapas: a primeira, conceitual e prática, consistiu na apresentação do método criado pelo Programa Global de Espaços Públicos do ONU-Habitat e suas diferentes aplicações em outras cidades no Brasil e no mundo. Nesta fase, os participantes contribuíram com a construção de indicadores de análise e elaboraram coletivamente um formulário de observação. A segunda etapa, em campo, levou os participantes até o Parque Augusta, na área central de São Paulo, para testarem o formulário preparado durante o primeiro momento de capacitação.

Nos treinamentos, o debate foi incentivado, buscando integrar perspectivas distintas sobre o pensar a cidade. Marlene Reis, integrante do Fórum Verde, uma das participantes da capacitação, acredita na importância de preparar a sociedade civil organizada através de atividades como essa. “O processo de capacitação foi construído de uma maneira muito horizontal e colaborativa, e isso enriquece a visão da sociedade a respeito dos parques, porque traz uma visão de vários grupos muito distintos. A capacitação e as propostas de metodologias alternativas trazem uma oxigenação à forma como o gestor público conduz a gestão de parques e isso agrega alternativas que podem ser aplicadas no futuro”.

Para Elisa Nascimento, da Avant Garden, a troca entre agentes também é um dos pontos altos do treinamento, bem como a construção coletiva de informação. “A gente precisa de dados de observação da realidade da capital para ter novas metas de atuação com relação à defesa do verde. As discussões [durante a capacitação] foram amplas e com muita especificidade, vão ser aproveitadas pela cidade, por mim e por quem estiver atuando na área do verde e meio ambiente”.

Além da sociedade civil, o Viva o Verde SP iniciou a capacitação de servidoras e servidores municipais. A primeira etapa foi realizada no começo de julho e contou com 24 integrantes, com 75% de participação de mulheres. A atividade de campo acontecerá na primeira semana de agosto.

Sobre o Viva o Verde SP 

A iniciativa Viva o Verde SP é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o ONU-Habitat que visa contribuir para alcançar a igualdade na distribuição espacial e na acessibilidade das áreas verdes públicas na capital paulista. Com acordo firmado com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), o projeto prevê a realização de uma avaliação geral dos mais de cem parques urbanos da cidade, análises específicas de dez destes equipamentos, além de contribuir em outras esferas, como a elaboração de planos de gestão, a promoção de parcerias e o incentivo à inovação envolvendo os espaços públicos verdes.

Além da capacitação para que servidores e sociedade possam contribuir, monitorar e replicar as metodologias da organização, as atividades do projeto também incluem diferentes níveis de avaliação dos parques, com equipes multidisciplinares e coletas de dados primários e secundários com a aplicação das ferramentas globais do ONU-Habitat de avaliação de espaços públicos.

O projeto adota uma perspectiva interseccional, ou seja, orientada pela igualdade de gênero e promoção da diversidade, e visa fortalecer a ação climática, valorizando a biodiversidade e os biomas locais e contribuindo com a melhoria do ambiente urbano e da saúde da população.

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