Durante essas viagens, o presidente ficou hospedado em hotéis luxuosos e de alto padrão, todos custeados com recursos públicos.
Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Nos cinco primeiros meses deste ano, o governo Lula realizou seis viagens internacionais a nove países, acumulando despesas significativas com hospedagem. Segundo informações fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores à Folha de S.Paulo, os gastos com hotéis para Lula, sua esposa Janja e a comitiva presidencial totalizaram impressionantes R$ 7,3 milhões. É importante ressaltar que esse valor não inclui a última viagem de Lula à Itália e à França, nem considera despesas adicionais como aluguel de carros ou contratação de intérpretes.
Durante essas viagens, o presidente ficou hospedado em hotéis luxuosos e de alto padrão, todos custeados com recursos públicos, com exceção dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes, onde a acomodação foi fornecida pelos governos anfitriões. Nos EUA, Lula ficou na Blair House, a residência oficial do governo norte-americano destinada a chefes de Estado visitantes. Já em Abu Dhabi, o governo local custeou sua estadia no luxuoso Emirates Palace Mandarin Oriental.
A viagem com o maior gasto em hospedagem foi para a China, totalizando R$ 1,8 milhão em apenas quatro dias de estadia em abril. Tanto em Xangai quanto em Pequim, Lula se hospedou em hotéis de alto padrão: o Fairmont Peace Hotel e o St. Regis, respectivamente.
A comitiva de Lula contou com a presença do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cinco governadores, oito ministros de Estado, 26 parlamentares e empresários. Surpreendentemente, até João Pedro Stédile, líder do MST, que estava envolvido em invasões de propriedades rurais no Brasil durante o “Abril Vermelho”, acompanhou a viagem à China.
Na China, Lula participou da posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco dos Brics e encontrou-se com o ditador chinês, Xi Jinping. O Itamaraty justificou a viagem como parte da reaproximação com o país governado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), visto que as relações entre Brasil e China se deterioraram durante o governo de Jair Bolsonaro, que era crítico das ditaduras comunistas e cortou relações com a Venezuela, comandada pelo ditador Nicolás Maduro, com quem Lula já restabeleceu laços.
Além das viagens à China, outras que geraram gastos consideráveis com hospedagem foram as realizadas para Reino Unido (R$ 1,4 milhão), Portugal (R$ 1 milhão) e Espanha (R$ 815 mil). Em maio, Lula esteve em Londres para participar da cerimônia de coroação do rei Charles III.
No entanto, houve também viagens com gastos menores, como a ida a Montevidéu, em que Lula não pernoitou na cidade, resultando em despesas de hospedagem de R$ 59 mil para a comitiva brasileira. Na Argentina, durante uma viagem de quatro dias em janeiro, foram gastos R$ 716 mil com hospedagem, além de R$ 338 mil com diárias pagas a servidores, R$ 498 mil com aluguel de veículos e R$ 25 mil com intérpretes, entre outros gastos.
Em resposta à Folha, o Itamaraty afirmou que o objetivo dessas viagens é não apenas recuperar a imagem do país no exterior, mas também restabelecer relações comerciais com parceiros importantes, visando atrair investimentos estrangeiros em setores estratégicos que contribuiriam para a recuperação da economia interna, impulsionando a geração de empregos e renda.
No entanto, as declarações de Lula em apoio a Vladimir Putin, que ordenou a invasão à Ucrânia em fevereiro, têm gerado críticas e polêmicas. Durante os encontros com outros chefes de Estado, Lula tem buscado se posicionar como mediador do processo de paz entre Rússia e Ucrânia. Na última viagem à Europa, o jornal francês Libération chamou o presidente brasileiro de “decepção” e “inimigo do Ocidente”