A ex-deputada disse que era para o governo brasileiro contribuir maneira significativa para uma transição pacífica na Venezuela e não justificando os crimes de Maduro.
A ex-deputada María Corina Machado, 55 anos, desponta nas pesquisas venezuelanas como favorita nas primárias que os partidos de oposição vão realizar em outubro, mas ela ficou inelegível por 15 anos por uma decisão da Controladoria Geral da República. Em entrevista a O Globo, a líder opositora venezuelana, chamou de “inadmissível” a posição do presidente brasileiro Lula (PT) em relação à ditadura de Nicolás Maduro no seu país.
“Acho que o governo brasileiro pode contribuir de maneira significativa para uma transição pacífica na Venezuela, mas não botando panos quentes e justificando os crimes de Maduro. Assim, o Brasil perde autoridade moral frente aos demais atores democráticos para se tornar um interlocutor confiável”, declarou María Corina.
“Seja por razões de afinidade ideológica ou projetos em comum, a posição de Lula é inadmissível a esta altura do jogo, com 25% da sociedade venezuelana espalhados pelo mundo, milhares no Brasil; com uma investigação sobre crimes de lesa-humanidade avançando no Tribunal Penal Internacional; quando existem acusações bem documentadas na Justiça internacional sobre corrupção, narcotráfico, lavagem de dólares e financiamento do terrorismo. Maduro é tóxico”, completou.
Considerada combativa, ela se destacou por fazer críticas tanto ao regime, quanto à oposição. Ficou conhecida por liderar a oposição mais linha-dura contra o então presidente Hugo Chávez. Corina Machado foi uma das principais articuladoras das manifestações contra o governo de Maduro em 2014, e teve o mandato cassado.
Durante a reunião no Mercosul, na terça-feira (4), a inabilitação de Machado foi um dos temas das discordâncias entre os líderes dos países.