Elefantes destroem campos agrícolas na Aldeia Viçosa

Valter Gomes | Aldeia Viçosa

Jornalista

Manadas de elefantes e de javalis estão a destruir as plantações de banana, milho, batata-doce, mandioca e hortaliças na comuna da Aldeia Viçosa, município do Quitexe, província do Uíge, denunciaram ao Jornal de Angola camponeses da região.

A situação, segundo moradores da comuna, está a provocar avultados prejuízos aos camponeses, muitos dos quais começam a abandonar as tradicionais áreas de cultivo em busca de zonas com maior segurança.

 Na aldeia do Kingombe, uma das mais afectadas, os camponeses deixaram de plantar banana e mandioca, culturas mais sacrificadas por elefantes e javalis.

Maria Armando Cardoso, 28 anos, é uma das moradoras do Kingombe que falou ao Jornal de Angola. “A situação é preocupante”, considerou. 

 “Com muito sacrifício, plantamos mandioca, batata-doce, ginguba, milho, feijão hortaliças e outros alimentos, mas, no fim de tudo, não colhemos quase nada, porque os animais destroem a produção antes de chegar à fase de colheita”, explicou.

 David Lopes, outro camponês, reside na comuna da Aldeia Viçosa. À semelhança de Maria Armando, lamenta a situação criada por elefantes e javalis. Conta que, anteriormente, os animais só destruíam as culturas de noite, mas que, nos últimos tempos, aparecem em pleno dia, forçando os camponeses a abandonarem as lavras com medo de serem atacados.  “O pior é que não nos é permitido o abate destas espécies”, salienta.

Com mais de 20 anos de experiência, David dedica-se fundamentalmente a hortifrutícola. Na presente época agrícola, disse, preencheu cerca de três hectares com milho, batata rena, tomate, repolho, cenoura e salsa, mas mais de metade já foi devastada por animais.

 “O nosso sustento depende do campo e quando não tiramos rendimentos do que plantamos, como fica a nossa vida?”, interrogou-se.

 O responsável da associação S. José Operário Camponês, organização que congrega agricultores e criadores de animais de pequeno porte, disse que as colheitas possíveis, que subsistem à “fúria” de elefantes e javalis, enfrentam dificuldades de escoamento.

 Neste momento, disse, existe uma reserva de 50 toneladas de produtos diversos, entre os quais mandioca, batata-doce e abóbora, que aguardam por compradores.

 A associação S. José Operário, de acordo com Sebastião Albino, integra 140 membros.

Apoios públicos produzem efeitos

 A praga de elefantes e javalis, de acordo com o director da Agricultura no Quitexe está circunscrita à comuna da Aldeia Viçosa. Nas outras partes do município, referiu, as actividades agrícolas correm a bom ritmo.

 Morais Alberto de Carvalho afirmou que os apoios do Estado à agricultura familiar vieram incentivar e alavancar os níveis de produção de  alimentos em Quitexe. Nas zonas onde se verifica a presença de elefantes e javalis, insistiu, a população está a enfrentar dificuldades alimentares.

Com mais de 200 hectares cultivados na presente época agrícola, segundo o responsável, o município espera colher acima de 300 mil toneladas, previsão que, a confirmar-se, supera a safra da época anterior.

 A Direcção Municipal da Agricultura controla 33 associações e 14 cooperativas agrícolas, integrando ambas 4.930 famílias.

 A maior dificuldade com que todos se debatem, segundo Morais de Carvalho, está no escoamento dos produtos. O mau estado das vias que ligam as aldeias às zonas de produção, disse, em muito contribui para o problema.

 Em coordenação com a Administração municipal, a Direcção local da Agricultura está a desenvolver contactos com entidades bancárias para permitir que os camponeses tenham acesso a créditos.  “A nossa terra é fértil. Se houver apoios, o rendimento será multiplicado e o crédito reembolsado dentro dos prazos”, garantiu.

  Comércio em crescimento  

O município do Quitexe é atravessado pela Estrada Nacional 220. A sede da vila e as comunas da Aldeia Viçosa e Vista Alegre estão situadas ao longo da mesma via.

 Com 3.872 quilómetros quadrados, o município fica 40 quilómetros a Sul da sede da província do Uíge. Tem uma população estimada em 40.000 habitantes.

 O chefe da Secção de Promoção e Desenvolvimento Económico Integral do Dange Quitexe considerou satisfatório os níveis de comércio na vila do Quitexe.

Sem avançar números, Augusto Zacarias Bongo afirmou que a população comercializa de tudo um pouco. “Quem passa na nossa Vila, não se arrepende. Aqui, tudo é natural”, disse.

 Referindo-se ao comércio formal, o responsável disse existir no município 12 lojas licenciadas, sendo sete na sede, três na comuna da aldeia Viçosa e duas na Vista Alegre, sem contar as seis cantinas dispersas pelo município.

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