Líder norte-coreano Kim Jong Un mostra mísseis e drones a ministro da Defesa russo

O líder norte-coreano Kim Jong Un (dir.) conversa com o ministro da Defesa ruso, Serguéi Shoigú, em uma exposição de armas em Pyongyang em 26 de julho de 2023, em foto divulgada em 27 de julho de 2023 pela agência norte-coreana KCNA

Caminhando entre enormes mísseis balísticos intercontinentais e drones militares até então desconhecidos, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, mostrou ao ministro da Defesa da Rússia um dos mais avançados arsenais de seu país, informou a imprensa estatal nesta quinta-feira(27). 

Depois que os Estados Unidos acusaram Pyongyang de fornecer armas a Moscou para sua guerra na Ucrânia, fotos divulgadas pela imprensa estatal mostraram Kim guiando o ministro Sergei Shoigu em uma exposição de defesa. 

A visita de Shoigu coincide com o 70º aniversário do armistício assinado em 27 de julho de 1953 para encerrar as hostilidades da Guerra da Coreia (1950-1953), para o qual também foi convidada uma delegação chinesa.

Juntos, eles também visitaram uma exposição de armamento, segundo a KCNA, que transmitiu imagens de ambos ao lado de mísseis intercontinentais Hwasong-17 e Hwasong-18.

A Rússia, aliada histórica da Coreia do Norte, é uma das poucas nações com as quais o regime de Kim mantém relações amistosas.

Em seu primeiro encontro com um alto representante estrangeiro desde a pandemia, Kim teve “uma conversa amigável” com Shoigu, que entregou a ele “uma carta assinada” pelo presidente russo, Vladimir Putin, de acordo com a KCNA.

Kim e o ministro russo discutiram “questões de preocupação mútua no campo da defesa nacional e da segurança, bem como no ambiente de segurança regional e internacional”, apontou a KCNA.

O líder norte-coreano rapidamente ofereceu apoio a Moscou na invasão da Ucrânia e, segundo os Estados Unidos, fornece foguetes e mísseis, algo que Pyongyang nega.

Durante a visita, ele falou com Shoigu “sobre as armas e equipamentos que são criados e produzidos” na Coreia do Norte e “expressou repetidamente sua convicção de que o Exército e o povo russos alcançarão grandes sucessos”.

Analistas destacaram à AFP a importância da visita de Shoigu, já que desde o fim da União Soviética os ministros da Defesa russos não visitam o país com regularidade. 

“A Rússia pode precisar do potencial da indústria militar norte-coreana em armas convencionais, enquanto a Coreia do Norte pode estar interessada na transferência de tecnologia de mísseis da Rússia”, disse Vladimir Tikhonov, professor de estudos coreanos na Universidade de Oslo. 

Ainda assim, a Coreia do Norte provavelmente será “muito cautelosa” ao fornecer armas a Moscou porque “os países europeus se voltariam contra ela”, disse Park Wong-gon, professor da Universidade Ewha em Seul.

– China, aliada na guerra –

O líder norte-coreano também recebeu uma delegação chinesa liderada pelo membro do Partido Comunista Chinês, Li Hongzhong, que lhe trouxe uma carta do presidente Xi Jinping, explicou a KCNA.

A China é a aliada mais importante de Pyongyang e seu principal benfeitor econômico, uma amizade que se formou durante a sangrenta Guerra da Coreia.

“O povo coreano nunca esquecerá o fato de que corajosos soldados dos Voluntários Populares chineses derramaram sangue para alcançar a vitória na guerra”, disse Kim a Li, de acordo com a KCNA.

China e Coreia do Norte “se esforçarão como sempre para fortalecer ainda mais a amizade e a solidariedade”, acrescentou Kim, segundo a agência.

Imagens de satélite indicam que o fechado país comunista está preparando um enorme desfile militar para o aniversário desta quinta-feira.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap indicou que havia “sinais claros” de preparações para um desfile na Praça Kim Il Sung, em Pyongyang, citando várias fontes governamentais não identificadas.

Pela primeira vez desde o início da pandemia, a Coreia do Norte convidou delegações estrangeiras para esta celebração, o que parece apontar para uma maior flexibilidade nos controles fronteiriços.

Pyongyang impôs um rígido bloqueio no início de 2020 para proteger a população da pandemia, proibindo até mesmo seus próprios cidadãos de retornar ao país, e só retomou o comércio com a China no ano passado.