Preço do vinho cresce 10%, acima dos 8,4% da inflação

Dados do primeiro trimestre mostram que o consumo de vinho nos restaurantes está a aumentar a dois dígitos.

O vinho de mesa é mais vendido, tanto nos supermercados como nos restaurantes.

© Leonardo Negrão / Global Imagens

Com o fim da pandemia, os portugueses estão cada vez mais a consumir vinho nos restaurantes em detrimento da grande distribuição. Nos primeiros três meses do ano, o setor do vinho perdeu 6,7% em volume e 1,1% em valor na distribuição. O facto de o preço por litro ter subido 6,1% neste canal ajudará a explicar a tendência. Já na restauração, e provavelmente muito impulsionado também pelo turismo, as vendas de vinhos nacionais cresceram 19% em volume e 22% em valor. O preço por litro aumentou aqui apenas 2,6%. Na soma dos dois canais, o preço cresceu 10,1%, acima da inflação que, no período, se situou nos 8,4%.

Em causa estão vendas de quase 65 milhões de litros de vinho, nos primeiros três meses do ano, em linha com o período homólogo (+0,2%), pelo valor total de 264,4 milhões de euros, um aumento de 10,3%. O preço médio por litro foi de 4,07 euros, contra os 3,70 do primeiro trimestre de 2022, o tal aumento de 10,1%. A diferença entre os dois canais de venda é abismal: preço médio de 6,92 euros na restauração e de 2,72 euros na distribuição.

Os dados são da Nielsen e mostram que os vinhos certificados valem 43,2% do volume e 64,5% do valor do total, com vendas de mais de 28 milhões de litros e 170,5 milhões de euros. O preço médio dos vinhos certificados subiu 11%, para 6,07 euros o litro, sendo que o valor médio pago pelo consumidor nos supermercados foi de 4,17 euros e de 11,56 euros nos restaurantes.
No caso dos vinhos não certificados, o chamado vinho de mesa, o preço médio é de 2,55 euros por litro, e cresceu 10,2%, o resultado de uma subida de 7,1% do preço médio na distribuição, onde passou de 1,32 para 1,42 euros o litro, e de uma descida de quase 1% nos restaurantes, passando de 4,51 euros para 4,47 euros.

Sem surpresas, o Alentejo é o líder destacado nas vendas de vinho certificado no mercado nacional, com uma quota de 35,9% em volume (mais de 10 milhões de litros) e de 37,5% em valor (quase 64 milhões de euros). Segue-se, em volume, a Península de Setúbal (cinco milhões de litros e uma quota de 18%), o Minho (3,9 milhões de litros e 13,9% de quota) e o Douro (3,8 milhões a corresponder a 13,6% do mercado). Mas em valor, o Douro ascende à segunda posição, com a venda de vinhos DOC e IG a gerarem 37,3 milhões de euros (21,9% de quota), seguindo-se os DOC Vinho Verde e IG Minho (21,8 milhões de euros, que correspondem a 12,8% do mercado) e a Península de Setúbal com 20,6 milhões de euros e uma quota de 12,1%.

Em termos de preço médio, os vinhos certificados do Algarve são os mais caros (13,04 euros o litro), seguindo-se o Douro (9,72 euros), Terras de Cister (9,40 euros) e Trás-os-Montes (7,17 euros). Apesar dos preços dos vinhos certificados do Minho registarem o segundo maior aumento em termos percentuais a nível nacional (17,8%), a região tem o quarto preço mais baixo do país (5,57 euros o litro), a seguir ao Tejo (3,81 euros), Península de Setúbal (4,07 euros) e Terras da Beira (4,99). Com um crescimento de 31,3%, correspondente a mais 2,24 euros por litro do que no período homólogo, os vinhos certificados de Terras de Cister registaram o maior aumento percentual.

Significativo é que seja na distribuição seja na restauração, o vinho mais vendido é o chamado vinho de mesa, ou seja, o não certificado, que tem uma quota de 51,6% das vendas nos súper e hipermercados e de 64,6% na restauração. Quanto ao tipo de acondicionamento, 50,5% dos 20,8 milhões de litros vendidos nos restaurantes nos três primeiros meses do ano foram vinhos em bag in box [embalagem em formato de saco dentro de uma caixa]. Os engarrafados, que representam 49,3% do vinho vendido nos súper e hipermercados, não vão além dos 35,9% nos restaurantes. O facto de o preço médio por litro de vinho engarrafado nos restaurantes ter sido de 11,80 euros e dos bag in box de apenas 4,15 euros ajudará a explicar o fenómeno. Na distribuição, o preço por litro em garrafa foi de 4,18 euros e de 1,41 euros por litro em bag in box.

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