Seca no Amazonas impacta distribuição de alimentos e energia no Brasil

O Rio Amazonas, um dos maiores do mundo, enfrenta uma histórica baixa de aproximadamente oito metros de profundidade.

A intensa seca que assola o Amazonas traz graves consequências, afetando principalmente as comunidades ribeirinhas que dependem dos rios e a fauna, levando à morte de animais aquáticos. No entanto, os impactos da estiagem na Amazônia têm alcance mais amplo. Especialistas consultados pelo Metrópoles alertam que os efeitos também se farão sentir em outras partes do país, especialmente na distribuição de alimentos e na geração de energia elétrica.

O Rio Amazonas, um dos maiores do mundo, enfrenta uma histórica baixa de aproximadamente oito metros de profundidade. Isso tem impactos diretos nas comunidades que utilizam o rio para pesca, transporte e como rota para a distribuição de alimentos e produtos para abastecer o comércio local.

À medida que as rotas fluviais se tornam cada vez mais secas, os moradores do Amazonas enfrentam dificuldades até mesmo para acessar serviços essenciais, como atendimento médico e escolas. A situação é tão crítica que a prefeitura de Manaus decidiu antecipar o fim do período letivo nas escolas ribeirinhas devido à seca.

A seca no Norte também levou à suspensão temporária das operações da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. A decisão foi tomada devido à baixa vazão do Rio Madeira, que está 50% abaixo da média histórica.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em conjunto com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), não descarta a possibilidade de utilizar as usinas termelétricas Termonorte I e II, localizadas em Porto Velho, capital de Rondônia, para suprir o fornecimento de energia na região.

No entanto, apesar da seca nos rios, o ONS estima que a demanda por energia elétrica permanecerá estável em todo o país durante o mês de outubro.

O operador destaca que os principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) estão localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que enfrentaram uma forte onda de calor, mas ainda possuem um suprimento adequado de água.

Embora o ONS não preveja instabilidade no sistema de distribuição de energia elétrica, Roberto Kishinami, coordenador do portfólio de Energia Elétrica do Instituto Clima e Sociedade (iCS), alerta que a redução na vazão dos rios pode acarretar problemas para as populações que muitas vezes dependem do diesel para gerar energia.

“Uma grande parte dos consumidores da região Norte é atendida por usinas a diesel, que são usadas em geradores espalhados por comunidades. Pode haver dificuldades para transportar diesel devido à seca, o que pode levar a um aumento nos custos de entrega do diesel”, destaca o coordenador do iCS.

Roberto afirma que, inicialmente, o impacto da seca no Norte na geração de energia é limitado, uma vez que outras regiões do país também possuem uma boa capacidade de geração, especialmente por meio de usinas hidrelétricas.

É importante observar que o uso de usinas termelétricas, que geram energia por meio da queima de combustíveis fósseis, é cerca de três vezes mais caro do que o uso de usinas hidrelétricas. No entanto, a Aneel não respondeu às perguntas do Metrópoles sobre um possível aumento nas contas de luz.

Dependendo do tipo de combustível fóssil utilizado na geração de energia nas termelétricas, o custo da energia elétrica pode aumentar.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as hidrelétricas têm um potencial de geração de energia de 109 GW, o que representa 56% de toda a energia gerada no país.

As principais hidrelétricas do Brasil incluem Itaipu (PR), Belo Monte (PA) e São Luíz do Tapajós (PA).

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